Criação da Pastoral de Jovens Indígenas é discutida em encontro do Regional Norte 2 em Santarém

  • 30/05/2025
(Foto: Reprodução)
Sugestões foram elaboradas a partir da apresentação de problemas juvenis que eles percebem em suas aldeias, e das preocupações dos jovens em relação a esses problemas. Encontro do Regional Norte 2 com jovens indígenas do Pará e Amapá Divulgação Durante o I Encontro Regional de Jovens Líderes Indígenas Católicos do Regional Norte 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB N2), no Pará e Amapá, realizado no Centro de Formação Emaús, em Santarém, oeste do Pará, foram dados os primeiros passos para a criação da Pastoral de Jovens Indígenas. ✅ Clique aqui e siga o canal g1 Santarém e Região no WhatsApp O encontro contou com a participação de representantes das Dioceses e Prelazias, assessores da Pastoral Juvenil, missionários religiosos, caciques, um diácono indígena, professores, e de jovens indígenas de 12 etnias - Munduruku, Arapiun, Galibi Marworno, Karipuna, Juruna, Xipaya, Juruna Yudja, Tiriyó, Palikus, Kumauara e Pirouyana, provenientes das da Arquidiocese de Santarém (PA), Diocese de Óbidos, Diocese de Xingu Altamira, Prelazia de Itaituba e também da Diocese de Macapá. Com a ideia principal de ajudar os jovens líderes indígenas a analisarem a sua realidade, identificar os problemas e agir para transformá-los, a metodologia do "Ver, iluminar e Agir" definiu caminhos para uma pastoral juvenil indígena com metas para o futuro, a partir dos questionamentos apresentados a eles, como quais eram os problemas juvenis que percebiam em suas aldeias, e quais eram as preocupações dos jovens em relação a esses problemas. Foram três dias de escuta e debates sobre a realidade sociocultural e religiosa dos jovens indígenas, onde painéis com as realidades dos povos e seus jovens foram apresentados, enfatizando problemas, como: o alcoolismo, discriminação nas aldeias, marginalização dos jovens (por causa do caciquismo que perde força e sensibilidade), uso de drogas e entorpecentes, violência e exploração sexual, vícios, furtos, dependência tecnológica, desordem e conflitos em especial na área de garimpos agravando os problemas ambientais. Os jovens indígenas também falaram sobre a falta de alternativas e oportunidades de produção nas aldeias além da tradição da roça, o que segundo eles, tem favorecido a saída de milhares de jovens de suas aldeias para os centros urbanos. Também apontaram a ocorrência de depressão, ansiedade, medo e casos de suicídio que têm aumentado entre os jovens indígenas pelo Brasil a fora. Jovens indígenas apresentaram problemas vivenciados em suas aldeias Divulgação O encontro foi a realização de um desejo antigo do salesiano Dom Antônio de Assis Ribeiro, bispo da Diocese de Macapá (AP) e referência para a juventude no Regional Norte 2 da CNBB, que sentiu a ausência de jovens líderes indígenas em comissões e grupos, em níveis regionais e nacional, e assim, transformou esse sonho em projeto. “A juventude indígena precisa ser acompanhada mais de perto, eles têm necessidade próprias, têm um potencial enorme escondido e na maioria das vezes, essa capacidade não é explorada e compartilhada pela falta de oportunidades. O nosso papel quanto Igreja é dar atenção, vez e voz para todas as categorias de sujeitos do rebanho. Os jovens não indígenas, já recebem essa atenção. (...) O fortalecimento das tradições, a preservação da cultura, o testemunho da fé Católica, só será possível se houver a preocupação pela promoção do protagonismo juvenil indígena nas aldeias. As aldeias sofrem com a vulnerabilidade dos jovens”, disse Dom Antônio. No relatório do encontro, que será integralmente publicado, constará o problema do esfriamento religioso nas aldeias e, por outro lado, o assédio neopentecostal que demoniza as culturas e práticas tradicionais. Esse lamentável fato foi acusado por todas as etnias presentes. Outra causa desse esfriamento católico está vinculada a ausência da Igreja Católica na maioria das aldeias; em muitas delas a visita dos missionários é muito rápida. Diversos jovens manifestaram a necessidade de mais sensibilidade e diálogos dos líderes indígenas [caciques] para com os jovens. Disse uma jovem que "os caciques estão ficando velhos", referindo-se à dificuldade de abertura. As aldeias não são as mesmas do passado, tudo está mudando e os jovens indígenas não devem ficar fechados. Reunião em grupo para discussão de temas do encontro Divulgação “Somos o futuro de nossa comunidade, e eu mesmo sendo catequista, preciso do apoio de padres e missionários para organizar e animar os jovens. Todos os domingos eu e minha mãe vamos para a igreja, a gente convida as pessoas para participarem da nossa igreja, convidamos também a comunidade, mesmo assim parece que precisamos ter a força de um cacique para levá-los a missa. Mas neste encontro estou aprendendo muito como irei reunir a comunidade quando chegar lá”, disse a catequista Maíra dos Santos, dos Povos Karipuna, no Oiapoque, no Amapá. Um ponto preocupante entre a maioria dos jovens líderes foi em relação ao futuro. Foi colocado a insegurança em buscar estudo e melhores condições de vida na cidade, onde ao invés de encontrarem o que procuram, acabam sofrendo discriminações não apenas em centros educacionais e empresas funcionais, mas principalmente dentro da própria comunidade por buscarem um progresso pessoal que poderia ser benéfico ao seu próprio povo. Muitos jovens indígenas têm bom nível de estudo como graduação, mestrado e até doutorado, mas é preciso uma formação universitária que seja direcionada para o aumento da qualidade de vida nas aldeias. *Com informações da Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB VÍDEOS: Mais vistos do g1 Santarém e Região

FONTE: https://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/2025/05/30/criacao-da-pastoral-de-jovens-indigenas-e-discutida-em-encontro-do-regional-norte-2-em-santarem.ghtml


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