Dura rotina fluminense: Baixada tem 5 cidades entre as 6 com deslocamento mais lento para o trabalho no país
09/10/2025
(Foto: Reprodução) 🚍Todos os dias, 70 milhões de brasileiros saem para trabalhar. Muitos gastam mais de 2 horas nesse deslocamento, não importa o meio de transporte.
⏳No Rio de Janeiro, essa é uma realidade marcante: a Região Metropolitana é onde há as maiores parcelas da população perdendo bastante tempo nesse vaivém.
🕑O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira (9) um recorte do Censo 2022 sobre como é ir para o batente no país. De acordo com dados da amostra “Deslocamentos para trabalho e estudo”, 12,5% dos moradores de Queimados enfrentam pelo menos 2 horas até chegar ao emprego.
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⌚A Baixada Fluminense, aliás, domina a lista das grandes cidades onde mais gente enfrenta os deslocamentos mais demorados. Dos 6 municípios com os piores índices, 5 são dessa região, com pelo menos 5% dos habitantes nessa situação.
🤏A média nacional não chega a 2%.
🗣️“A Baixada sofre, é um transtorno só. Eu saio às 4h30 de Queimados para chegar às 7h em Botafogo. Desteto pegar ônibus e vou de trem. Se tiver que viajar em pé, eu vou. O trem ainda é melhor”, conta a diarista Sirlei Palucci.
📝Segundo o IBGE, dos 20 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes que registram as maiores proporções de trabalhadores levando mais de 2 horas para chegar ao emprego, 11 são do RJ, 7 de SP e 2 do PA.
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Linha Vermelha engarrafada
Charles Mathura/TV Globo
❓O que o IBGE descobriu?
Os analistas tabularam dados do Censo de 2022 dos municípios com pelo menos 100 mil moradores.
Em cada um, calcularam quantos trabalham ou estudam — são os “ocupados”.
Desse contingente, separou-se a maioria dos que saem para trabalhar.
Em seguida, essa multidão foi dividida segundo o tempo gasto em cada deslocamento. Ficaram 5 grupos: (a) quem chega ao local de trabalho em até 5 minutos; (b), de 6 minutos a meia hora; (c) de meia hora até 1 hora; (d) de 1 a 2 horas; (e) mais de 2 horas.
Finalmente, obtiveram a porcentagem da população ocupada em cada segmento e separaram as 20 piores.
Avenida Brasil, no Trevo das Missões, em Cordovil, na Zona Norte do Rio
Reprodução/TV Globo
🤡A lista da espera
Queimados (RJ): 12,5% da população gasta 2 horas ou mais para trabalhar;
Nova Iguaçu (RJ): 11,8%
Belford Roxo (RJ): 10,8%
Itapecerica da Serra (SP): 10,5%
Magé (RJ): 10,2%
Duque de Caxias (RJ): 7,8%
Francisco Morato (SP): 7,3%
Itaquaquecetuba (SP) 6,8%
Itaituba (PA): 6,8%
Mesquita (RJ): 6,1%
Ferraz de Vasconcelos (SP): 5,3%
Abaetetuba (PA): 5,2%
Nilópolis (RJ): 5,1%
Itaboraí (RJ): 5%
Franco da Rocha (SP): 5%
São Gonçalo (RJ): 4,9%
Maricá (RJ): 4,9%
São João de Meriti (RJ): 4,7%
Suzano (SP): 4,7%
Embu das Artes (SP): 4,6%
🗺️Panorama
O levantamento mostra que 40 milhões de brasileiros levam entre 6 minutos e meia hora no trajeto entre casa e emprego — o que representa o padrão mais comum no país. Outro 1,26 milhão de trabalhadores, porém, gasta mais de 2 horas no percurso, o que equivale a 1,8% da população ocupada.
A Região Sudeste é a que mais concentra deslocamentos longos, reflexo da forte urbanização e da concentração de postos de trabalho em grandes metrópoles.
O instituto destaca que a Região Metropolitana do Rio de Janeiro reúne a maior parcela de trabalhadores com longos deslocamentos. O movimento pendular entre a capital e as cidades da Baixada Fluminense é apontado como um dos principais fatores para o tempo elevado no transporte diário.
De acordo com o IBGE, a dinâmica urbana fluminense reflete o descompasso entre a oferta de emprego e o local de moradia. Municípios periféricos concentram a população trabalhadora, enquanto as oportunidades estão em áreas centrais.
Essa relação pressiona os sistemas de transporte público, especialmente os intermunicipais, e amplia a dependência de trens, ônibus e vans para os deslocamentos cotidianos.
O instituto chama atenção para o impacto desse tempo de viagem na qualidade de vida e na produtividade. Jornadas prolongadas de deslocamento reduzem o tempo disponível para lazer e descanso, além de gerar custos econômicos e ambientais mais altos.
“O conhecimento da intensidade desses fluxos permite aprimorar o planejamento e a gestão dos sistemas de transporte, com efeitos diretos sobre a vida da população”, diz o texto do relatório.
No caso do Rio, o IBGE destaca que a integração funcional entre os municípios da Baixada e a capital é essencial para reduzir o tempo médio de deslocamento e os custos sociais do transporte.
🚗Vai de quê?
O automóvel continua sendo o principal meio de transporte utilizado no país, responsável por 32,3% dos deslocamentos. Em seguida vêm o ônibus (21,4%) e a motocicleta (16,4%).
O uso predominante do transporte individual é apontado como um dos desafios para as políticas de mobilidade urbana, especialmente em regiões com trânsito congestionado e baixa oferta de transporte de massa.
🚶Viação canela
O Censo também mostra que o deslocamento a pé ainda é expressivo — 17,8% dos trabalhadores fazem o trajeto caminhando, em percursos geralmente de até 30 minutos.
Segundo o IBGE, esse comportamento é mais frequente em cidades menores e em áreas com menor acesso a transporte motorizado.
⏱️E agora?
O levantamento de 2022 é o 1º Censo a incluir perguntas detalhadas sobre meio de transporte e tempo habitual de deslocamento, permitindo análises mais precisas sobre as condições de mobilidade no país.
Segundo o instituto, essas informações devem subsidiar o planejamento de redes de transporte, políticas habitacionais e medidas de incentivo à descentralização dos empregos.