Motéis da Grande Belém se reinventam com treliches e deixam apelo erótico de lado para receber turistas da COP 30
12/07/2025
(Foto: Reprodução) Estabelecimentos investem em adaptações para receber delegações e turistas em novembro; expectativa é grande procura durante o evento. Quartos de motéis estão passando por pequenas mudanças para acomodar visitantes durante a COP 30
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Motéis localizados em Belém e Região Metropolitana começaram a adaptar suas estruturas para oferecer hospedagem durante a COP 30, marcada para novembro deste ano. A expectativa é atender à alta demanda do evento, que deve atrair cerca de 50 mil visitantes à capital paraense, segundo dados do Governo do Pará. A cidade tem em torno de 24 mil leitos em sua rede de hospedagens.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Motéis (ABMotel), há 2.500 quartos em motéis distribuídos entre Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides e Castanhal, dos quais 550 já estão disponíveis para locação diária, podendo receber 1.100 pessoas.
Alterações estruturais e operacionais que visam aproximar os padrões dos motéis aos da hotelaria tradicional são os principais pontos buscados por proprietários deste segmento, como:
🛏️ incluir mais camas nos quartos para comportar mais pessoas;
🔞 retirar elementos eróticos, como quadros sensuais e brinquedos sexuais;
🚿 reforçar enxovais de banho;
entre outras mudanças.
Os motéis estão também ajustando os serviços, aumentando o espaço de lavanderia, adquirindo mais utensílios de cozinha e reforçando as equipes quanto à diferença nas organizações dos quartos, por exemplo.
Segundo Ricardo Teixeira, representante da ABMotel, as mudanças precisam ser feitas para além do visual.
"Se todos os hóspedes forem tomar café ao mesmo tempo, não dá para lavar louça de um por um. É preciso escala, então precisa reforçar equipe", explica.
Motéis da Grande Belém se reinventam com treliches
Por outro lado, nem todos os motéis aparecem nos registros oficiais de hospedagem, o que dificulta a contabilização exata de leitos disponíveis.
"Há muitos motéis pequenos, não associados, que também estão se preparando, mas fora dos dados oficiais, então pode ser que tenham mais espaços se preparando", reforça Ricardo.
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Um dos exemplos de adaptação vem do empresário Yorann Costa, proprietário de um motel localizado na avenida Perimetral, em Belém. Visando as oportunidades, ele organizou um tipo de quarto-modelo com treliche, decoração neutra e sem elementos eróticos — como géis, preservativos e brinquedos — para apresentar a delegações estrangeiras.
O empreendimento possui 33 suítes e, com as adaptações, pode acomodar de três a quatro pessoas por apartamento.
O espaço foi registrado com fotos e vídeos, e incluído em propostas personalizadas. Segundo Yorann Costa, o processo é rápido e não exige reformas estruturais, permitindo que o motel continue operando normalmente enquanto as adaptações são feitas e ajustadas.
"Nós montamos o quarto, registramos e o espaço logo voltou a ser um quarto de motel. Ele não fica lá montado e parado. As adaptações serão feitas quando fecharmos negócio e o período de uso iniciar", explica.
O empresário também está investindo na capacitação da equipe. Camareiras devem passar por treinamentos para atender o público bilíngue, embora o proprietário reconheça o desafio de preparar todos a tempo.
Resistência
Além do motel, Yorann também é dono de um hotel convencional, onde fechou 24 apartamentos para uma delegação da Dinamarca, feito este que ainda não conseguiu com os quartos adaptados. Segundo o empresário, pode ser que haja uma resistência dos interessados em se hospedarem no local por saberem que funciona um motel no espaço onde ficarão acomodados.
"Mas eu estou confiante. A localização é privilegiada e próxima aos locais de debates da COP, então será um diferencial na hora da escolha", afirma.
Apesar de inusitado, é comum usar quartos de motéis
A procura por hospedagem em motéis durante grandes eventos não é novidade. De acordo com Fernando Soares, assessor jurídico do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Pará (SHRBS), a prática é comum em períodos de eventos movimentados, como o Círio de Nazaré.
“Nessa época, os motéis são muito procurados. Muita gente vem de carro, se hospeda, descansa e segue a programação. A COP 30 deve seguir o mesmo padrão", conta.
Para atender à demanda durante a COP, além de motéis, hotéis e alugueis por plataformas como Aibnb, são considerados o uso de escolas, reformas de prédios antigos e a criação de hotéis em navios de cruzeiro, que serão de responsabilidade da Embratur.
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