Presidente da COP30 nega mudar evento de Belém; organização promete vagas de até US$ 200 para países em desenvolvimento e insulares

  • 01/08/2025
(Foto: Reprodução)
Presidente da COP30 diz que países pediram retirada do evento de Belém Após admitir que países têm pressionado o governo brasileiro para transferir a sede da COP30 de Belém por questões de acomodação, o presidente do evento, André Corrêa do Lago, negou nesta sexta-feira (1°) que essa seja uma possibilidade. "Não vamos nos mudar", disse Lago. Lago ainda reforçou que o país tem infraestrutura e acomodação suficiente em Belém para atender ao público e que o que está em pauta é uma questão de preço. A fala do presidente da COP30 se justifica porque, além dos preços das acomodações, a carta entregue à ONU também questionava a qualidade dos hotéis e acomodações disponíveis. "Não é uma questão de número de acomodações. Não é uma questão de infraestrutura. E acredito que respostas satisfatórias serão dadas pelo grupo que está lidando com a questão da acomodação. Mas o fato é que essa discussão se tornou pública e, portanto, acho que teremos uma comunicação mais intensa sobre as soluções possíveis para essa questão", disse. Uma das soluções anunciadas era uma plataforma que ofereceria hospedagens. Em nota, a organização da COP confirmou que conseguiu reunir hospedagens em uma plataforma — promessa que era feita desde maio deste ano. (Veja a imagem abaixo) Plataforma do governo federal dedicada a hospedagens na COP30 Reprodução A infraestrutura é um ponto citado porque se tornou público, inclusive na imprensa internacional, que motéis da cidade estariam sendo alugados para a COP30. A falta de acomodações é um ponto citado pelos representantes da rede hoteleira. Segundo a ABIH-PA (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Pará), há 4.122 quartos na capital, Belém, e que a maioria já estaria completa. A soma já inclui hospedarias, hotéis e motéis. A proposta complementar do governo para apoiar a demanda por quartos para atender as mais de 50 mil unidades, que é o que se espera ter como demanda são: Adaptação de escolas públicas em hostels: 5 mil acomodações Alojamentos militares e religiosos: 3.500 leitos Navios de cruzeiro: 6 mil leitos Prédios do Minha Casa Minha Vida, mas que ainda estão em obras Para além disso, outra opção são as 18 mil acomodações que ficam na região metropolitana da capital. Entenda a crise da hospedagem O escritório climático da Organização das Nações Unidas (ONU) realizou uma reunião urgente na terça-feira (29) para debater os preços altos nas acomodações para a COP30; O Brasil concordou em abordar as preocupações dos países sobre acomodações e apresentar um relatório em 11 de agosto; Richard Muyungi, presidente do Grupo Africano de Negociadores, afirmou à Reuters que os países que representa não querem diminuir suas delegações. Em abril, governo federal sugeriu um acordo com hotéis de Belém para evitar preços 'abusivos'; proposta segue sem assinatura; Plataforma e vagas Ainda no fim da manhã desta sexta-feira, a organização em nível federal da COP 30 divulgou nota na qual afirma que uma plataforma para gerenciar as hospedagens foi lançada este mês e as opções de estadia serão disponibilizadas por etapas, conforme acordo entre o Brasil e a UNFCCC. Segundo os organizadores, dentre as opções, estarão disponíveis todas as modalidades: setor hoteleiro, aluguel por temporada e navios. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça "Nesta primeira etapa, a oferta será realizada, por meio da plataforma, aos 98 países em desenvolvimento e países insulares, com diárias de até U$ 220. Na etapa seguinte, os demais países e grupos como mídia e observadores poderão adquirir acomodações por até US$ 600. Ainda não há uma previsão exata para iniciar as próximas etapas. É a própria ONU que está coordenando a oferta com os países-partes da Convenção-Quadro e, por isso, é ela quem está enviando os links de acesso à Plataforma a todos os credenciados", afirmou a organização. O g1 acessou a página. A maioria das hospedagens é oferecida por pouco mais de US$ 300, mas ofertam também mais de um quarto. O governo não informou se as unidades acessadas na página excluem as já anunciadas para os países pobres, que seriam geridas junto à UNFCCC. Nova lei no Brasil pode aumentar desmatamento da Amazônia, alerta especialista da ONU Preocupação dos países em desenvolvimento Um dos pontos em debate atualmente é que os países pobres não poderiam arcar com os custos e, com isso, ficariam de fora das negociações da COP30. Lago chegou a admitir isso em um vídeo em que diz que as acomodações estão até 10 vezes mais caras. Na conversa com a imprensa estrangeira na manhã desta sexta-feira (1°), Lago admitiu que há um problema com as acomodações e preços, mas que isso estava em negociação. "Vamos garantir que essa única dimensão que está sendo levantada, que é o preço dos hotéis, possa ser superada para que todos possam vir a Belém", disse Lago. Vanessa Robinson, que é consultora e atua ajudando ONGs a conseguirem acomodação, diz que a dificuldade é real, principalmente para aquelas que vêm de países pobres. Robinson conta que, diante da baixa oferta de hotéis, passou a procurar casas e chegou a receber orçamentos exorbitantes, chegando a R$ 77 mil, fora a comissão de agentes imobiliários, que pode chegar a 20% do valor da locação. "É difícil porque as organizações são importantes no debate. A gente quer uma COP com participação popular, mas os preços estavam inviabilizando isso", explica. Ela relata que atendeu ONGs da Indonésia e do México, que tinham um limite de US$ 150 por diária, e que está difícil encontrar acomodações dentro desse orçamento. "A gente tenta encontrar e não consegue, porque está muito caro. É preciso fazer um trabalho de conscientização com as pessoas que estão alugando, explicar a importância da COP. É possível, mas exige envolvimento e diálogo", afirma. No caso dela, por exemplo, as organizações mexicanas conseguiram encontrar estadias próximas ao local da conferência por US$ 1.400 a diária, para um grupo de seis pessoas, incluindo transfer e alimentação.

FONTE: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2025/08/01/andre-lago-cop30.ghtml


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